O primeiro cão-guia na Softplan e os aprendizados que já tivemos com ele
Você já trabalhou com uma pessoa portadora de uma deficiência visual? E já imaginou trabalhar no mesmo ambiente que um cão-guia?
Recentemente, alguns softplayers foram surpreendidos quando o Guido, que tem deficiência visual e trabalha como Desenvolvedor Front End na nossa Unidade de Justiça há quase 6 meses, apareceu na sede com a Coral, sua mais nova companheira. Já a sua equipe, com a ajuda do nosso Técnico em Segurança do Trabalho Deco, foi muito bem preparada para a chegada da cão-guia. Enquanto Guido passava por um treinamento para ser o condutor da Coral, seus colegas recebiam mentorias sobre como recepcionar a nova integrante de quatro patas. Normalmente, leva-se, em média, 6 meses para que o cão-guia fique em perfeita sintonia com a pessoa que o conduz. Para não dificultar esse processo, o direcionamento para a equipe sobre as restrições com o labrador nesse momento inicial de criação de vínculo entre ele e Guido foi de extrema importância.
O tratamento dado a um cão-guia, ainda mais em período de adaptação, deve ser muito diferente do tratamento dado a um cão doméstico. Interagir com ele pode afetar a função do animal. O cão que guia uma pessoa com deficiência visual precisa ter como referência a voz e as ações de seu tutor. O ideal é que os comandos e os carinhos dados ao cão-guia sejam exclusivamente do tutor, mas é claro que, se o tutor permitir, as pessoas ao redor podem afofar o peludo em momentos específicos e predeterminados. Por isso, além de preparar a equipe que está convivendo diariamente com a Coral, o pessoal do departamento de Desenvolvimento Humano e Organizacional também está iniciando uma orientação com o restante da empresa quanto aos cuidados que precisamos ter para que o cão faça o melhor trabalho possível guiando o Guido.

No total, temos 48 pessoas com deficiência na empresa. Destas, 18 são pessoas com deficiência visual, o que torna nossa organização muito inclusiva e nossa rotina muita mais rica, mas também muito desafiadora.
Essa é uma das vantagens da diversidade nas empresas: aprendemos diariamente com a experiência do outro. E, assim, temos mais oportunidades de exercer a empatia.
O Jeimyson de Oliveira Souza, Coordenador de Desenvolvimento que, inclusive, lidera o Guido na nossa Unidade de Justiça, começou a trabalhar com a gente há quase 2 meses e vem fazendo um grande esforço para integrar mais o colaborador no time. Ao chegar na Softplan e ver que um de seus liderados portava uma deficiência visual, imediatamente se perguntou “como eu, líder dessa pessoa, posso tornar a experiência dela um pouco melhor?”. Em quase 15 anos trabalhando na área de tecnologia, Guido foi a primeira pessoa com deficiência visual com quem Jeimyson trabalhou. “Eu achava que sabia muito sobre gestão, mas tive que me reinventar diante dessa situação”, disse o coordenador. Foi então que ele se colocou no lugar do Guido e utilizou todas as ferramentas de seu dia-a-dia para entender quais são as dificuldades enfrentadas por ele e como elas podem ser superadas. Só assim pôde entender realmente as necessidades do colaborador e tornar sua experiência mais próxima da experiência dos outros membros da equipe. As reuniões da equipe, hoje, são muito mais faladas e participativas, Guido é sempre bastante instigado a fazer considerações nas discussões e todos têm aprendido muito com essa inserção. Além disso, outros líderes que trabalham com pessoas portadoras de alguma deficiência estão se sentindo muito inspirados e motivados a participar dessa mudança de mentalidade.
Jeimyson também está fazendo um ótimo trabalho com a integração da Coral ao time. Toda a logística e a dinâmica da equipe sofreu alterações: Guido foi realocado para uma mesa mais próxima da porta por conta das saídas que precisa fazer com a cachorra e os outros integrantes do time estão aprendendo a conter o impulso de realizar uma ação simples em seu lugar, como, por exemplo, colocar a coleira na Coral, e dando mais espaço ao tutor para que ele aprenda a realizá-las. Os aprendizados estão acontecendo por todas as partes envolvidas.
Inclusão não é só ter pessoas com deficiência na empresa. Inclusão é respeitar as limitações dessas pessoas e ajudá-las a desenvolver novas habilidades.